Na coluna Música e Bem-Estar da semana passada, o colega Wenderson Sena citou alguns artistas que morreram em decorrência da AIDS, um deles foi Renato Russo. A minha geração (e as seguintes) se acostumou a tratá-lo como um poeta e suas canções considerados hinos que faziam parte do repertório de qualquer rodinha de violão. Mas será que Renato era mesmo esse gênio da palavra que tanto nos encantou? Vejamos...
No segundo disco de carreira da banda tinha uma canção chamada Índios. Essa música falava da perda da inocência, nela é usada uma alegoria do Desobrimento do Brasil onde o índio é corrompido ao ter contato com o europeu. Esse tipo de representação, do selvagem puro e inocente que se corrompe com o contato com o civilizado é o Mito do Bom Selvagem de Rosseau. Essa era a idéia central dos poemas da primeira geração romântica que buscava um herói nacional, o índio, e o idealizava como valoroso e nobre, basta ler O Guarani, Iracema ou os poemas épicos O Uraguai e I-Juca Pirama para constatar a semelhança.
Numa nova fase da banda, mais especificamente no disco V ele nos brindou com a belíssima Vento no Litoral. Era uma canção melancólica, fazia uma associação do amor à morte, amor esse que não se concretizaria mais. Esses elementos, a morte, o amor platônico, a melancolia, eram elementos fundamentais para a segunda geração do Romantismo no Brasil. Inclusive o cenário e a temática se assemelham ao poema Sonhando de Álvares de Azevedo, o maior nome dessa geração.
A terceira geração romântica se caracterizava por um discurso politizado, defendia ideais como a abolição dos escravos e a república e seu versos eram feitos para se proclamar em praça pública. Muitos são os exemplos de canções politizadas da Legião Urbana principalmente no seu início: geração Coca-Cola, Que País é Esse?, Perfeição.
Como podemos ver Renato Russo era sim um poeta de grande inspiração que voluntária ou involuntariamente abraçou as várias fases do Romantismo, escola que mais perdurou no século XIX. E até mesmo sua conduta rebelde fazia jus aos grandes nomes da poesia como o próprio Álvares de Azevedo, Byron e tantos outros e como eles rebelde, visceral e genial.
No segundo disco de carreira da banda tinha uma canção chamada Índios. Essa música falava da perda da inocência, nela é usada uma alegoria do Desobrimento do Brasil onde o índio é corrompido ao ter contato com o europeu. Esse tipo de representação, do selvagem puro e inocente que se corrompe com o contato com o civilizado é o Mito do Bom Selvagem de Rosseau. Essa era a idéia central dos poemas da primeira geração romântica que buscava um herói nacional, o índio, e o idealizava como valoroso e nobre, basta ler O Guarani, Iracema ou os poemas épicos O Uraguai e I-Juca Pirama para constatar a semelhança.
Numa nova fase da banda, mais especificamente no disco V ele nos brindou com a belíssima Vento no Litoral. Era uma canção melancólica, fazia uma associação do amor à morte, amor esse que não se concretizaria mais. Esses elementos, a morte, o amor platônico, a melancolia, eram elementos fundamentais para a segunda geração do Romantismo no Brasil. Inclusive o cenário e a temática se assemelham ao poema Sonhando de Álvares de Azevedo, o maior nome dessa geração.
A terceira geração romântica se caracterizava por um discurso politizado, defendia ideais como a abolição dos escravos e a república e seu versos eram feitos para se proclamar em praça pública. Muitos são os exemplos de canções politizadas da Legião Urbana principalmente no seu início: geração Coca-Cola, Que País é Esse?, Perfeição.
Como podemos ver Renato Russo era sim um poeta de grande inspiração que voluntária ou involuntariamente abraçou as várias fases do Romantismo, escola que mais perdurou no século XIX. E até mesmo sua conduta rebelde fazia jus aos grandes nomes da poesia como o próprio Álvares de Azevedo, Byron e tantos outros e como eles rebelde, visceral e genial.
(Texto anteriormente publicado na coluna Letra Literal, no site www.vistolivre.com)