quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

SINTO-TE

Sinto-te em mim cada vez que te olho,
Em cada sorriso terno que ofereces a mim.
Sinto-te em cada pequeno gesto,
A cada toque sutil
E na maneira como arrepia minha pele.
Sinto-te...
Sinto-te quando me diz sem palavras
Que me ama,
Quando teu corpo se inflama
Junto ao meu
E sinto-te
Dentro de mim,
Fazendo morada docemente em
Minh'alma
Se aconchegando bem fundo
No meu coração.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

HÁ MÓVEIS OCUPANDO MINHA CABEÇA

Há móveis ocupando minha cabeça,
Que não combinam com o meu eu.
Há sentimento em minha casa
Que não estavam lá antes.

Há uma enorme solidão na sala,
Repleta de memórias acadêmicas e
Romances de papel – nenhum que vivi.
No quarto, um vazio kingsize.
Confortável, adaptado ao meu corpo.

Os móveis da minha cabeça não são novos,
Contam uma história que chegou ao fim.
Cada circulo da madeira marca um capítulo
Imprimindo no tempo a sua força.

Quero mudar de móveis.
Quero sentimentos novos.
Não posso ir para outro eu,
Mas posso mudar a minha casa,
Assim terei velhos móveis em mim,

E outros sentimentos em minha casa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

VALÉRIA

Velejo em teus olhos,
Amor. Me perco nesse mar
Levante que me entorpece e
É aí, nessa mansidão que
Renascerei para um amor
Intenso, eterno e
Arrebatador.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DESABAFO

Canto minhas dores
E meus amores,
Mas a quem interessa
Ouvir?

Sou apenas mais um
Homem,
Apenas um poeta,
Minha dor não é melhor
Que a de ninguém,
Meu amor não é mais sublime.

Quem quer saber do meu lamento
Ou meu encanto?

Mas ainda assim eu canto.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

OLHOS VERDES

E quando tudo era cinza,
Dois pequenos pontos verdes
Quebraram a monotonia.
A luz cresceu,
Vagarosamente
Foi preenchendo
De cor
A vida monocromática
Que eu tinha.
Foi como um farol a me
Guiar.
Segui pra essa luz.
E ao me aproximar
Vi que esse brilho de esmeralda
Eram seus olhos
Me guiando

Por um mundo cheio de cor e amor.

domingo, 6 de setembro de 2009

SEM RUMO

Eu achava que
Tinha o controle.
Me mantinha no rumo.
Foi de repente.
Uma onda gigante me pegou.
Perdi a rota.
Me vi em mar desconhecido,
Sem controle.
Não naufraguei.
Estou deixando o mar me levar.
Não sei o rumo.
Não importa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

GOTAS DO PACÍFICO

Mergulho nessas duas gotas do pacífico.
Quero me perder em seu verde profundo.
Quero me afogar,
Penetrar na sua alma.
Não quero mais voltar.
Me sinto em paz.
Me sinto pleno.
Sereno.
Um sentimento bom,
De bem-estar,
Bem-viver,
Me preenche
E me afoga
Nessa mansidão.
Quero mergulhar nessas
Duas gotas de pacífico.
Mergulhar pra não mais voltar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

REENCONTRO

Encontrei com meu eu-menino.
Não consegui disfarçar a emoção.
Eu estava lá diante de mim,
Pequeno, incrédulo.
Eu feliz, olhei os meus olhos
E sorri.
Eu não conseguia acreditar
Que aquele homem na minha frente
Será eu.
Eu não acreditava que me via.
Eu estava feliz,
Estava ali,
O eu-homem,
O eu-menino,
Num lindo reencontro.

terça-feira, 5 de maio de 2009

TARDE CINZA

Uma música no rádio
Embala meus pensamentos.
Ela não me diz nada.
O céu é de chumbo.
Sinto o vento no rosto
Da janela do meu apartamento.
Ninguém na rua.
É feriado.
Vejo o tempo passar lentamente,
Contemplo a tarde calma
Que se esvai.
Nada pra fazer.
Nada pra pensar.
Amanhã é outro dia.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DISCO 4




Tarde de outono.


Ouço o Disco 4,


A fumaça do cigarro


Se dissipa na janela,


Mas não leva consigo


Minha dor.


Te perdi.


Nossa história


Durou de dezembro à março.


Chegou abril.


O verão acabou.


O amor acabou.


O disco... acabou.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

COMO NÃO?

Como não me encantar com seus olhos?
Como não me inebriar com seu cheiro?
Como não me perder nos descaminhos do seu corpo?
Fico cego,
Fico louco,
De desejo,
De amor.
Como não me perder em você?
Como não me encontrar no seu amor?

quarta-feira, 18 de março de 2009

TRIGÊMEOS II

Bento,
Bendito serás tu
Que viestes alegrar a vida de seus
Pais.
Helena,
Tua beleza irradiará como a luz do sol
Nos corações daqueles que te amarão.
Cecília,
Tua voz será
Como o canto dos anjos
Nas canções celestiais,quando disser: mamãe e papai.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

SALVE O VERSO

Viva o verso
E o inverso
E o avesso
E o reverso.
Salve o verso.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

IMAGEM E SEMELHANÇA

Dizem que o homem
É a imagem de Deus.
Quanto arrogância!
O homem pode criar,
Assim com Ele,
Pode destruir,
Matar,
Igual a Ele.
Mas só Ele
(e as mulheres)
Podem gerar um outro ser,
Além de criar,
Matar
E
Destruir.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

VOLTA ÁS AULAS

Gritos,
Risos,
Arruaça.
Brincadeiras,
Reencontros.
Cadeiras arrastadas,
Farfalhar de folhas,
Silêncio.
A aula vai começar.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SERES NOTURNOS

Os seres noturnos vagam
De bar em bar,
Seu habitat natural.
Compartilham copos,
Bagulhos,
Doideira,
Desilusões.
Eles andam em bandos,
Não como as andorinhas que migram
Para o verão,
Andam sem rumo,
Atrás da próxima dose,
Do próximo copo,
Do próximo corpo
Largado no chão.

sábado, 17 de janeiro de 2009

ECUMÊNICO

Vai à missa pela manhã,
Corre ao mercado
E vai pra casa
Pra ver
O programa do pastor famoso.
Arruma o Buda ao lado de
São Jorge.
À noite vai ao tomar passe,
Pra purificar.
Sexta tem festa no terreiro,
Pede bênçãos ao orixá,
Proteção,
Que ver os búzios.
E domingo volta à igreja,
Ver a missa,
Ouvir sermão,
Comungar
E pedir perdão.

MARIA CLARA II


E, na noite de quinze de janeiro,

Um clarão iluminou o céu.

Nasceu Maria Clara.

Clara, linda, forte.

Luminosa, frágil

E poderosa.

Uniu desafetos,

Ratificou um amor,

E veio ao mundo

Para nos alegrar.

Seja bem-vinda,

Maria Clara,

Esse mundo lhe aguarda

E lhe recebe Feliz e radioso,

Como a luz de seu lindo sorrisinho.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

TÍMIDO

Olho para ti de soslaio.
Faço-me notar.
Cortejo-te.
Vislumbro sua beleza.
Radiosa que és, intimida-me.
Não desisto.
Junto coragem,
Aproximo-me.
Falo de algo banal.
Talvez o tempo,
Talvez a lua.
Tudo irrelevante.
O único assunto que me interessa
É você.
Sorris para mim
E com isso vibro,
Como um ganhador da loteria.
Não sei como continuar a conversa.
Silêncio.
Volto para onde estava.
Contento-me em ver-te de longe.
Admirar-te como a uma musa.
E saber que um dia sorriste para mim.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

PIAUÍ-RIO-PIAUÍ

Nasci piauiense.
Cresci carioca.
Piauiense de pai e mãe.
Carioca de amigos, esposa
e novos parentes.
Cheguei menino.
Cresci moleque,
suburbano como tantos outros.
Renasci carioca.
Feito, paiuiense.
Não sou de lá,
Nem de cá,
Mas sou dos dois
E carrego ambos,
Juntos,
No mesmo lugar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

SEM ASSUNTO

O sentimento é o motor do poeta.
Meus versos são quelóides
Do que sinto.
Expõem minha dor,
Minha alegria.
Minhas poesias são tatuagens.
Exibem o que há dentro de mim.
Palavras.
Marcas da alma.
Grafadas na carne.

FIM DE ANO

Noite de quarta.
Antevéspera de Ano Novo.
Meu apartamento está vazio.
Da janela, vejo o caminhão de lixo
Recolhendo meus dejetos do ano que termina.
Um carro passa.
Não há tráfego
Nesse momento.
Quero dormir.
Não consigo.
Quero escrever.
Me falta assunto.
Não quero pensar.
Me falta coragem.
Grito.
Para quem?
A vizinha viajou,
O comércio agora dorme,
Ninguém vai ouvir
Meu pedido de socorro.
Enlouqueço com o não-tic-tac.
O tempo agora é digital.
Não há ponteiros.
Não há relógio.
Só a noite.

ÓCIO

Preciso de gente.
Estar no mundo
Cercado de vidas, pessoas,
Para ver, pensar, sentir.
Preciso viver a vida.
Me nutrir de material
Humano.
Pulsar na artéria da rua
E me embriagar com a multidão
E suas vidas, histórias,
Sentimentos.
E preciso me manter ocupado.
Indo de lá para cá,
Vivendo num fluxo contínuo que não pára.
Preciso do barulho da rua.
Das vozes que me falam
Sem me dizerem nada.
Preciso do ócio.
E também do silêncio,
Do isolamento.
Para pensar,
Refletir,
Produzir.
Destilar a embriaguez de vida
Para entorpecer as vidas
E embriagar as almas.