segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CASAMENTO GREGO

Num fim de semana desses fui ao casamento de um grande amigo e lá cheguei a algumas conclusões curiosas sobre esse que é um dos eventos mais tradicionais de nossa sociedade e tem um padrão de comportamento implícito interessantíssimo.
Na igreja, por exemplo, tem sempre alguém que usa uma desculpa meio esfarrapada para não ir à cerimônia e só a festa, coisas do tipo: “o salão estava cheio e o cabelo não ficou pronto a tempo”, ou o taxi que eu chamei demorou a chegar então fui direto ao salão”, enfim sempre uma desculpinha. Outro tipo curioso é aquele que até vai à celebração, mas de má vontade, o argumento para esse sacrifício? Ora, simplesmente porque acha que pega mal ir à festa e não a igreja, ou seja, na verdade não quer demonstrar que só está interessado na comida grátis.
Terminada a cerimônia religiosa começa a disputa de quem vai pegar carona primeiro. Esse fenômeno ocorre sempre que o casamento é no subúrbio e o salão é um pouco afastado ou em outro bairro. Pois bem, tem sempre alguém sem carro que não quer andar arrumado em ônibus coletivo ou ir a pé e chegar todo suado. Portanto quem tem caro pode ter a certeza que terá problema de suspensão depois da festa porque nunca leva a lotação máxima do veículo, sempre uns dois ou três a mais.
Quando chega ao salão tem sempre aqueles que corem para pegar a melhor mesa, ou a que fica na passagem dos garçons, ou perto do bufê. Outra coisa que não falta em festas assim, aquele grupo grande de amigos (geralmente do noivo) que quer juntar duas, três mesas, para ficarem todos juntos, independente da arrumação e esse grupo é quem na maioria das vezes que faz mais bagunça, rindo alto, comendo muito e abrindo a pista de dança antes da noiva. E (ia me esquecendo) quem faz aquela rodinha no meio da pista, ocupando todo o espaço, e disputando quem faz a coreografia mais engraçada.
A parte da comida é um capítulo à parte. Vocês já repararam na dinâmica de servir as mesas? Primeiro vem umas três ou quatro rodadas de bebidas. A primeira tudo bem, os convidados acabaram de chegar e muito estão com sede, depois começam a servir aqueles salgadinhos refinados que ninguém gosta e que só comem por educação ou fome. Então os garçons começam a colocar nas mesas guardanapos e pratinhos, isso cria uma expectativa nos convivas para a chegada da principal e mais esperada iguaria da noite: os salgadinhos populares. Só que quando eles chegam você já comeu um monte de canapé que nem sabe o nome, já encheu o estômago de cerveja ou qualquer outra bebida e acaba não saboreando como gostaria o que realmente importa, as coxinhas de frango, os risoles de camarão, as bolinhas de queijo e todos aqueles acepipes que nos acompanham desde as festas infantis.
Como nos entopem antes do principal, chega um momento (bem rápido por sinal) que os pratinhos começam a ficar lotados de salgadinhos, é a hora que todos vão dançar para que ninguém veja a sujeira de copos vazios e guardanapos amassados que deixamos acumular.
Mas não pensem que essas sobras de salgado se perdem. Tem sempre aquela tia idosa (ou nem tão idosa assim) que saca de sua bolsinha um saquinho plástico e vai de mesa em mesa recolhendo os quibes pela metade, as coxinhas frias e o que puder mastigar no dia seguinte na hora do café da manhã. Alias, não pode faltar em nenhum casamento a tia do saquinho e geralmente quem fica esperando esse momento sublime é o pessoal que juntou a mesa logo no início da festa. Quando ela se manifesta é quase como um gol da seleção na final da copa nos últimos minutos. É um delírio, uma catarse, ouso a dizer, um êxtase.
Para finalizar o relato dessa experiência única não posso deixar de falar dos personagens principais da festa: os noivos. Os noivos são aqueles que nunca se divertem na própria festa. Nem antes, durante, muito menos depois. Eles têm que andar de mesa em mesa recebendo os parabéns com uma luz absurdamente forte no rosto, tem que tirar fotos em todos os lugares do salão fora que não podem dançar com aquelas roupas lindas, elegantes e totalmente desconfortáveis, ou seja, gastam uma grana e nem podem fazer uso daquilo que pagaram, é mais ou menos como comprar uma passagem para a Disney e saber que não vai poder andar nos brinquedos, só olhar. É terrível. Quanto a lua-de-mel, bem, alguém agüenta fazer alguma coisa depois de ficarem horas com uma roupa quente, desconfortável, ficarem horas em pé, ter uma carga de emoção fortíssima, andar para lá e para cá, sorrir forçadamente até o rosto parecer que está com botox e ainda ficar até o fim da festa para expulsar aquele tio bêbado que insiste em tomar a décima saideira? Acho que não.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

FEIRA LIVRE

Podem chegar fregueses,
Tenho versos de todos os tipos.
Versos verdes, versos maduros,
Tudo fresquinho
Colhido hoje.
Pra quem que versos de amor,
Tenho esses vermelhos,
Quentes, que estão sempre na estação.
Se quiserem versos com
Gritos de ordem,
Tenho desses também,
Estão meio passados,
Fora de época,
Mas vai do paladar do freguês.
Tenho versos alegres,
Muito procurados,
Versos tristes,
Saem muito também
E não importa o preço,
Estão todos de graça
Pra quem quiser,
Pra quem gostar de degustar.
Podem chegar
Na minha barraca,
Podem escolher o verso que quiser,
É só provar, escolher e levar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

SETE DE SETEMBRO

Desfile cívico.
Desfile
De civismo,
De cinismo.
Pátria amada.
Amada?
Desfile, cívico?
Cínico.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

UMA CANÇÃO DE AMOR

Vou fazer uma canção que fale do meu amor.
Não importa o estilo,
Samba, pop, rock,
Importa, sim, o que cantarei.
Cantarei meu amor por ela.
Usarei versos singelos,
Guitarra e violão.
Usarei baixo, bateria,
Boas lembranças e emoção.
Nessa canção vai caber um refrão,
Daqueles que marcam,
Como o que sinto por ela,
Marcante, vibrante, inesquecível.
Vou usar um ritmo forte,
Do meu coração.
O compasso vai ser no passo
Dos nossos passos.
E a harmonia vai ter o equilíbrio
Do nosso amor,
Suave, tranqüilo,
Ritmado.
Vai ficar linda a canção que farei pro meu amor,
Como são lindas todas as belas histórias
De amor.