segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

CAPITU




Seus olhos me hipnotizam


Como o mar em dia furioso


Que arasta para o fundo


E traz de volta


Me deixando atordoado,


Sem rumo


E inebriado de seus encantos.


Olhos que escondem


O que o caração quer falar.


Que guardam segredos da alma


Como um cofre.Olhos feiticeiros,


Que prendem com sortilégios de amor.


Olhos de cigana.


Olhos oblíquos.


Olhos de Capitu.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

MARIA CLARA

Maria, logo chegarás.
Brilhará como uma luz,
Clara, radiante.
Seu sorriso alegre,
Sua gargalhada doce
Iluminará nossos dias
Como a luz de um grandioso sol.
Lhe aguardaremos, como se aguarda
Uma linda manhã de verão,
Quente, alegre, luminosa, clara.
E logo chegará você, Maria Clara.
(Dedicado à Maria Clara, sobrinha e afilhada que em breve chegará para ilumina nossas vidas como um lindo raio de sol.)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

AMO-TE

Teu olhar ilumina meu alvorecer,
Sua doçura suaviza meus sonhos
E a tepidez dos seus lábios
Acalenta todo meu corpo ao beijar-te.
Amo-te.
Vejo minh’ alma em suas retinas,
Ouço o compasso de minha paixão
Em seu peito
E quando me imagino
No crepúsculo dos meus dias
Vejo a ti, ao meu lado
Cálida, companheira,
Unida a mim numa única vida
Que não é nem minha nem sua,
Mas nossa doce e apaixonada vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E VEM O VERÃO




Que venha o sol.
E me inunde com seu calor,
Me embriague com sua luz.
Quero o mar.
Quero celebrar
Na praia,
Na rua.
Quero uma cerveja gelada,
Quero sorrisos,
Corpos dourados,
Despidos,
Felizes.
Vamos invadir
A cidade.
É o momento de festejar.
seja bem-vindo, sol,
Venha nos alegrar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

TRIGÊMEOS

Ternura.
Realização de um sonho.
Intenso sentimento de
Graça e benção.
Êxtase triplicado. A
Maternidade
Experimentada de forma absoluta.
Oro em agradecimento pela dádiva e digo:
Senhor, obrigado!


(Homenagem aos amigos PC e Fátima, presenteados depois de tanta luta. Parabéns.)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

DEDICATÓRIA

Meu amor, minha luxuria,
Minha mansidão, minha fúria,
Meu desejo, meu apelo,
Minha alegria, meu sossego,
Minha ternura, minha loucura,
Meu mundo, meu tudo,
Para todo sempre
Para todo mundo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

PALAVRAS VÃS

O que ainda dizer sobre esse amor?
Quais palavras, se todas já foram ditas?
Como expressar meu sentimento por ti,
Se apenas reproduzo o que todos dizem?
Não. Quero palavras novas,
Únicas,
Como o amor que devoto a ti.
Amor esse que não é igual a nenhum outro.
Que não pode ser dito ou descrito com vãs
Palavras.
Iguais,
Repetidas,
Que todos usam.
Meu amor não é igual
E minhas palavras não podem
Ser também.
E só assim expressarei
O verdadeiro sentido do
Meu amor.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CASAMENTO GREGO

Num fim de semana desses fui ao casamento de um grande amigo e lá cheguei a algumas conclusões curiosas sobre esse que é um dos eventos mais tradicionais de nossa sociedade e tem um padrão de comportamento implícito interessantíssimo.
Na igreja, por exemplo, tem sempre alguém que usa uma desculpa meio esfarrapada para não ir à cerimônia e só a festa, coisas do tipo: “o salão estava cheio e o cabelo não ficou pronto a tempo”, ou o taxi que eu chamei demorou a chegar então fui direto ao salão”, enfim sempre uma desculpinha. Outro tipo curioso é aquele que até vai à celebração, mas de má vontade, o argumento para esse sacrifício? Ora, simplesmente porque acha que pega mal ir à festa e não a igreja, ou seja, na verdade não quer demonstrar que só está interessado na comida grátis.
Terminada a cerimônia religiosa começa a disputa de quem vai pegar carona primeiro. Esse fenômeno ocorre sempre que o casamento é no subúrbio e o salão é um pouco afastado ou em outro bairro. Pois bem, tem sempre alguém sem carro que não quer andar arrumado em ônibus coletivo ou ir a pé e chegar todo suado. Portanto quem tem caro pode ter a certeza que terá problema de suspensão depois da festa porque nunca leva a lotação máxima do veículo, sempre uns dois ou três a mais.
Quando chega ao salão tem sempre aqueles que corem para pegar a melhor mesa, ou a que fica na passagem dos garçons, ou perto do bufê. Outra coisa que não falta em festas assim, aquele grupo grande de amigos (geralmente do noivo) que quer juntar duas, três mesas, para ficarem todos juntos, independente da arrumação e esse grupo é quem na maioria das vezes que faz mais bagunça, rindo alto, comendo muito e abrindo a pista de dança antes da noiva. E (ia me esquecendo) quem faz aquela rodinha no meio da pista, ocupando todo o espaço, e disputando quem faz a coreografia mais engraçada.
A parte da comida é um capítulo à parte. Vocês já repararam na dinâmica de servir as mesas? Primeiro vem umas três ou quatro rodadas de bebidas. A primeira tudo bem, os convidados acabaram de chegar e muito estão com sede, depois começam a servir aqueles salgadinhos refinados que ninguém gosta e que só comem por educação ou fome. Então os garçons começam a colocar nas mesas guardanapos e pratinhos, isso cria uma expectativa nos convivas para a chegada da principal e mais esperada iguaria da noite: os salgadinhos populares. Só que quando eles chegam você já comeu um monte de canapé que nem sabe o nome, já encheu o estômago de cerveja ou qualquer outra bebida e acaba não saboreando como gostaria o que realmente importa, as coxinhas de frango, os risoles de camarão, as bolinhas de queijo e todos aqueles acepipes que nos acompanham desde as festas infantis.
Como nos entopem antes do principal, chega um momento (bem rápido por sinal) que os pratinhos começam a ficar lotados de salgadinhos, é a hora que todos vão dançar para que ninguém veja a sujeira de copos vazios e guardanapos amassados que deixamos acumular.
Mas não pensem que essas sobras de salgado se perdem. Tem sempre aquela tia idosa (ou nem tão idosa assim) que saca de sua bolsinha um saquinho plástico e vai de mesa em mesa recolhendo os quibes pela metade, as coxinhas frias e o que puder mastigar no dia seguinte na hora do café da manhã. Alias, não pode faltar em nenhum casamento a tia do saquinho e geralmente quem fica esperando esse momento sublime é o pessoal que juntou a mesa logo no início da festa. Quando ela se manifesta é quase como um gol da seleção na final da copa nos últimos minutos. É um delírio, uma catarse, ouso a dizer, um êxtase.
Para finalizar o relato dessa experiência única não posso deixar de falar dos personagens principais da festa: os noivos. Os noivos são aqueles que nunca se divertem na própria festa. Nem antes, durante, muito menos depois. Eles têm que andar de mesa em mesa recebendo os parabéns com uma luz absurdamente forte no rosto, tem que tirar fotos em todos os lugares do salão fora que não podem dançar com aquelas roupas lindas, elegantes e totalmente desconfortáveis, ou seja, gastam uma grana e nem podem fazer uso daquilo que pagaram, é mais ou menos como comprar uma passagem para a Disney e saber que não vai poder andar nos brinquedos, só olhar. É terrível. Quanto a lua-de-mel, bem, alguém agüenta fazer alguma coisa depois de ficarem horas com uma roupa quente, desconfortável, ficarem horas em pé, ter uma carga de emoção fortíssima, andar para lá e para cá, sorrir forçadamente até o rosto parecer que está com botox e ainda ficar até o fim da festa para expulsar aquele tio bêbado que insiste em tomar a décima saideira? Acho que não.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

FEIRA LIVRE

Podem chegar fregueses,
Tenho versos de todos os tipos.
Versos verdes, versos maduros,
Tudo fresquinho
Colhido hoje.
Pra quem que versos de amor,
Tenho esses vermelhos,
Quentes, que estão sempre na estação.
Se quiserem versos com
Gritos de ordem,
Tenho desses também,
Estão meio passados,
Fora de época,
Mas vai do paladar do freguês.
Tenho versos alegres,
Muito procurados,
Versos tristes,
Saem muito também
E não importa o preço,
Estão todos de graça
Pra quem quiser,
Pra quem gostar de degustar.
Podem chegar
Na minha barraca,
Podem escolher o verso que quiser,
É só provar, escolher e levar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

SETE DE SETEMBRO

Desfile cívico.
Desfile
De civismo,
De cinismo.
Pátria amada.
Amada?
Desfile, cívico?
Cínico.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

UMA CANÇÃO DE AMOR

Vou fazer uma canção que fale do meu amor.
Não importa o estilo,
Samba, pop, rock,
Importa, sim, o que cantarei.
Cantarei meu amor por ela.
Usarei versos singelos,
Guitarra e violão.
Usarei baixo, bateria,
Boas lembranças e emoção.
Nessa canção vai caber um refrão,
Daqueles que marcam,
Como o que sinto por ela,
Marcante, vibrante, inesquecível.
Vou usar um ritmo forte,
Do meu coração.
O compasso vai ser no passo
Dos nossos passos.
E a harmonia vai ter o equilíbrio
Do nosso amor,
Suave, tranqüilo,
Ritmado.
Vai ficar linda a canção que farei pro meu amor,
Como são lindas todas as belas histórias
De amor.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

PRETENDO FAZER UMA POESIA

O que escrever?
Pretendo fazer uma poesia,
Para preencher o espaço da folha,
Para preencher o espaço em mim,
Mas não sei o que escrever.

Não consigo achar as palavras
Para minha poesia.
Palavras que se unam e formem versos
Que vão se juntar em estrofes
Para formar minha poesia.

Busco um tema.
Algo que saia de dentro de mim e penetre em todos.
Um tema que seja universal,
Que atinja o coração dos homens com a mesma
Força que saiu do meu.

Já está chegando ao fim a minha poesia.
Com poucas palavras,
Sem nenhum tema,
Mas que saiu de dentro de mim
Para todos que queiram ler
A minha poesia.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

POEMA A UMA AMIGA

Dedico a ti este poema, querida amiga,
Po todos os sorrisos que me doou.
Dedico a ti este poema, querida amiga,
Por todas as sábias palavras que me ofertou
Em nossas conversas.
Dedico a ti este poema, querida amiga,
Por andar ao meu lado,
Por suas orações,
Por dividir seus momentos felizes
Com extrema generosidade.
Dedico a ti este poema, querida amiga,
Por ter ajudado a secar minhas lágrimas,
Por ter crescido comigo,
Por ter compartilhado seu pranto.
E é po isso, querida amiga,
Que dedico a ti esse poema.


(Dedicado a minha querida amiga Selma Dezonne, companheira de faculdade, mente brilhante e poetisa ímpar e da qual tenho enorme admiração.)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

UM OLHAR

Um olhar furtivo me observa na janela.
Vigia cada passo, cada gesto.
Sabe da minha vida mais que da sua própria,
Como o Grande Irmão, me segue
A cada segundo.

Esse olhar é impertinente.
Ele vê além de mim,
Enxerga além dos muros,
Das minhas roupas,
Do meu corpo,
Invade minha alma.

Não quer saber de si,
Só de quem eu sou,
Não quer olhar suas dores,
E sim meus sabores,
Não quer se refletir,
Só quer saber com quem saí,
Dormí, o que comi.

Esse olhar não sai da janela,
Mas me acompanha a cada passo,
Na rua,
Em casa,
No meio do mundo.

Ele não sabe de si,
Não faz nada para ser feliz,
Sua felicidade é me vigiar,
Sua fome é meu ser,
Meu querer,
Meu viver.

Um olhar incisivo me observa na janela...

O PESO...

Fugindo a proposta do blog, pela primeira vez publico um texto que não é meu. Essa linda poesia foi escrita por Selma Dezonne, grande e talentosa amiga que admiro bastante.
Sinto-me curvar...
O que me pesa?
Seria o tempo?
Não ... sou ainda muito jovem,
o tempo ainda não se faz pesar!

Sinto-me curvar...
O que me pesa?
Seria a tristeza?
Não... o amor e a alegria ainda habitam
em mim a tristeza não se faz pesar!

Sinto-me curvar...
Algo me pesa!
Dir-te-ei o que é ...

Sinto-me curvar... pelo peso dos livros que li,
pelo tanto de conhecimento que adquiri...
pelo peso de tudo que sei,
pelo tudo que aprendi e em nada se aproveita...
Por isso sinto-me curvar!!

De que me serve tanta informação
em um Mundo que não se conhece??!!
Há se eu soubesse o peso do conhecimento...
em meio a um Mundo de tantas ignorâncias!

Há se eu soubesse...
Que existem momentos em que o não saber nos faz leves...
Que o fardo da ignorância é leve feito o julgo dos humildes!
Há se eu soubesse que o preço a si pagar
pela farta Sabedoria era perder a ilusão...
Há se eu soubesse... Se de tudo isso eu soubesse...
Teria lhe pedido a Deus??!
Teria eu a tornado Senhora da minha vida!?!

Mas, mesmo com tantas batalhas perdidas,
e tantos sonhos lançados ao chão...
Eis que Sabedoria... Eu te quero bem!
Ó como eu te amo, Sabedoria!
Pois, só tu há de me ensinar a tornar-te sobre mim... leve!!

Por Selma Dezonne 24/07/2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

ALIMENTO DO POETA

Preciso de palavras pra respirar.
Preciso que entrem em meus pulmões,
Preencham-me e saiam
Pelos meus lábios,
Pelos meus dedos.

Preciso de palavras pra me alimenta.
Com elas vivo,
Sobrevivo.
Elas me levam pra fora
Do caos da vida
E me trazem de volta a vida.

Preciso de palavras pra me divertir.
Pra viaja, curtir, dançar.
Pra entreter e me entreter.

Preciso da palavra porque sou um poeta.
Ela me nutre, me sustenta,
Me mantém de pé.
Com ela vou a luta,
Com força,
Com fé,
Na palvra escrita,
Na palavra falada.
Preciso de palavras...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

SAUDADE

Saudade.
Sentimento que sussura
Sonhos no coração solitário,
Que sofre a ausência
De seu amor
Que se foi.

terça-feira, 8 de julho de 2008

ABRO MINHAS JANELAS...

Abro minhas janelas para o mundo.
Vejo as pessoas,
Sinto suas alegrias,
Dores,
Mas elas não estão com suas janelas
Abertas.

Abro minhas janelas para o amor.
Meu coração palpita,
Meu peito está aberto para os
Abraços,
Mas não vejo o amor emanar de outras
Janelas.

Abro minhas janelas para a vida.
Vivo intensamente,
Toda vida me interessa,
Estimula,
Mas os outros estão peocupados com suas
Próprias vidas.

Abro minhas janelas para tudo,
Mas as janelas da vida, do mundo,
De tudo...
Estão fechadas.

sábado, 21 de junho de 2008

BALAS E DOCES

Sensações psicotrópicas.
Alucinações.
Relaxamento.
Curtição.
Prazer
Euforia.
Prisão.
Barato.
Preço alto.
Fim.
Fim da onda.
Fim da linha.
E a festa continua...

TATUAGEM




Gravo teu nome em minh’alma.
Uso biqueira, agulha.
Perpetuo meu amor
Por ti
Como uma tatuagem:
Definitiva,
Marcante,
Exibicionista.
Para que todos vejam,
Para que todos saibam.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

ANDARILHO

O andarilho segue.
Conhece sua cidade.
Cada canto, cada rua.
Caminha sem rumo.
Corta bairros,
Seja dia, noite.
Apenas anda.
Vê o que outros não vêem.
Detalhes da cidade.
E ele a conhece como ninguém.
Suas curvas,
Suas delícias.
Ela a ama como a uma
Mulher.
E ele segue.
Apenas caminha.
E se apaixona pela cidade.
A sua cidade.
A sua amada.
A sua mulher.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

INÚTIL REBELDIA

Coloco um piercing no nariz
Com um brinco de pressão,
Uma tatoo de nanquim
Pra tirar com sabão.
Pinto o cabelo até a raiz
De verde ou azulão.
Faço cara de ruim,
Mas não passo de um bundão.
Ouço rock pesado,
Banco até o revoltado,
Uso corrente no pescoço
Fechada à cadeado.
Meus vizinhos até acham
Que eu virei viado,
Porque não falo com ninguém
E ando com um bando de macho.
Luta do proletário, não sei o que é isso.
Anarquia, nacionalismo,
Pra mim, nada disso faz sentido.
Falsa atitude,
Inútil rebeldia,
Retrato da juventude
Que vive hoje em dia.
Não passo de um burguês
Filhinho da elite,
Nunca protestei na rua,
Sou um punk de butique.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

LAPA, CAIPIRINHAS E KEROUAC


Noite chuvosa.
Os Arcos são lavados
Pra mais uma sexta.
A noite começa,
Com vai terminar...
Não posso saber.
Estou num bar.
Tenho as companhias
De três travestis
Na puberdade e
Kerouac. Ele me distrai.
Eu aguardo.
Elas também.
Eu, minha companhia
Desta noite e mais uma dose,
Elas, a pizza
Que será seu jantar
Pra mais uma noite
De trabalho.
A noite está só começando.
É sexta.
E nem eu nem as meninas
Sabemos como vai acabar.

domingo, 27 de abril de 2008

SEUS DEZ ANOS...




Te vi nascer.
Pequena, frágil.
Te ninei em meu colo,
Rolei com você no chão.
Ouvi seu choro,
Ri com seu sorriso.
Dancei ao seu lado,
Te deixei fazer de mim gato e sapato.
Hoje você faz dez anos.
Logo se tornará moça,
Fará quinze vinte,
Muitos anos mais.
Porém, você será sempre
Minha menininha,
Ainda verei em seu rosto
Os mesmos olhinhos
De quando lhe vi pela primeira vez
E ainda irei rolar no chão,
Ainda irei lhe socorrer quando ouvir o seu choro
E ainda sorrirei com suas gargalhadas
Como sempre fiz
Em todos esses dez anos.


(Uma homenagem a essa menina linda que entrou em minha vida e sempre faz de mim gato e sapato, minha sobrinha linda Ingrid.)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

ESTÃO TODOS SURDOS!

O que está acontecendo comigo?
Eu falo, ninguém me compreende.
Eu me expresso, falo, mas não sou ouvido.
É deprimente,
Me deixa descontente,
A situação, insistente.
O que fazer para me escutarem?
Como fazer para aceitarem, para
concordarem?
Me sinto numa torre de pedra,
Onde minha voz não passa pelas paredes,
ou no fim da terra,
num vale de pastagens verdes,
onde berro e só ouço o eco
da minha própria voz.
Uma horrível sensação percorre o meu corpo
Um sentimento de solidão,
Como um navio sem porto,
Ou um rei sem nação.
Por Deus, chegue ao fim esse tormento,
Não vou agüentar mais tanto sofrimento,
Não quero cair em esquecimento.
Meu coração bate veloz,
Eu preciso ouvir alguma voz,
Nem que seja a voz de Deus,
Mesmo que seja um último adeus.

A VOZ DO SERTÃO

Durante a Era Collor um ritmo musical tomou o Brasil de assalto, ritmo esse saído das entranhas do país: a música sertaneja. Os cantores eram presença obrigatória em qualquer programa de auditório, rádio popular e ainda se davam ao luxo de ter programas de televisão inspirados no seu estilo de vida (que foi o caso de Leandro & Leonardo).
As músicas falavam de amor, da vida do homem do interior, com seu sotaque, seus costumes e mostrou ao Brasil que existia uma cultura de massa fortíssima fora do eixo Rio - São Paulo e com isso nos acostumamos a nomes como Chitãozinho & Xororó, Milionário & José Rico, Pena Branca & Xavantinho, nomes consagrados como Tonico & Tinoco entre outros.
Mas essa aceitação da população de um modo geral e dos formadores de opinião de um modo específico nos grandes centros urbanos só foi possível graças a alguns escritores visionários que décadas antes revolucionaram a literatura (e a cultura) mostrando ao país um tipo de brasileiro que era pouco conhecido, nomes como Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego e João Guimarães Rosa não só pintou com cores realistas fortes o interior do Brasil como mostrou sem idealismos o modo real que eles falavam, sem floreios e erudições lingüísticas pouco comuns a essas pessoas.
Com Graciliano Ramos, por exemplo, tivemos a chance de conhecer a vida do homem da caatinga, do sertanejo que enfrenta a seca, a fome e que não se cansa de lutar pela vida, como é o caso do romance Vidas Secas. Ele também trouxe a realidade dos grandes latifúndios de Alagoas, sua terra natal no livro São Bernardo. Já Jorge Amado nos trouxe o calor e a sensualidade do recôncavo baiano, mostrando o cotidiano das classes mais pobres dessa região em obras como Cacau e Jubiabá e da capital baiana como Capitães de Areia e Dona Flor e Seus Dois Maridos.
Já José Lins retratou com extrema maestria os engenhos de cana de açúcar de sua infância no sertão da Paraíba que teve seu declínio já no início do século XX, obras como Menino de Engenho, que retrata a sua infância e sua obra máxima, Fogo Morto, mostram as dores e costumes de um canto tão escondido ainda hoje no Brasil.
E a obra prima que mostrou o sertanejo como ele realmente é, foi Grande de Sertão: Veredas. Escrito por João Guimarães Rosa, o romance não só trata dos costumes da região do interior mineiro e norte da Bahia como reproduz com fidelidade o falar do homem do sertão. A leitura do livro é quase musical com palavras que ainda hoje não estão presentes em nossos dicionários e narra a busca interior tão comum ao homem não só do campo como da cidade. E vale ressalta que esse livro é considerado a maior obra brasileira do século XX e está entre as maiores do mundo.
Todos esses livros abriram a mente das pessoas para as diferenças que existem nesse país continental e abriu as portas do sul maravilha para nomes que fizeram grande sucesso mostrando suas raízes e costumes e que não eram necessariamente sertanejos, como foi o caso de artistas como Luís Gonzaga, Dominguinhos, Zé Ramalho, Alceu Valença, Mestre Ambrósio, Cordel do Fogo Encantado, mas aí... bem, já é outra história.

Um forte abraço e até a próxima.
(Texto anteriormente publicado no site www.vistolivre.com, em 07/07/2007.)

segunda-feira, 31 de março de 2008

A RAZÃO DE AMAR

A razão de amar
É nos fazer agir sem razão.
O sentido do amor
É fazer as coisas perderem o sentido.
A intenção de amar
É nos fazer sentir sem intenção.
O desejo do amor
É bater em nossa porta quando não o desejamos.
A beleza de amar
É amar sem olhar beleza.
É apenas amar.
Só isso.

segunda-feira, 24 de março de 2008

BRAZILIAN SKINHEAD

Ódio branco.
Lixo branco.
Idealismo germânico
De um nanico insano.
Num país miscigenado,
Jovens alienados
Extravasam sua agressividade
Em índios, negros,
Judeus ou viados.
Querem limpar a cidade
Dos “parasitas da sociedade”,
Que não passam, na verdade,
De nordestinos de coragem
Que transformaram essa metrópole,
Na maior das cidades.
Idiotas, imbecis,
Que não sabem o que dizem,
Só sabem erguer a voz,
Mas esquecem suas raízes
E de quem são seus avós.
Ideais de raça pura,
Uma idéia absurda
No país da mistura,
Que desde o descobrimento,
Mesmo eles não sabendo,
Já vinham misturado,
O sangue do povo ibérico
Com as “impurezas do sangue arábico”.
Se acham superiores
Com sua pele clara,
Mas raspam seus cabelos (crespos)
E suas barbas ralas.
Levantam a bandeira
E povo estranho,
Quando até para eles
Não passamos de “chicanos”.
Se tatuam com suásticas,
O símbolo dos babacas,
De pessoas fracassadas,
Com suas inutilidades extravasadas,
Pregando idéias atrasadas,
Com uma ira desenfreada
Contra inocentes trabalhadores
Que sofrem horrores
Nas mãos desses perdedores,
Que só querem agredir
Como forma de fugir

Da idéia de descobrir
Que não passam de frustrados
Que vão ser por toda vida
Uns imbecis retardados.

quinta-feira, 20 de março de 2008

UM HOMEM SEGUE PELA ESTRADA

Um homem segue pela estrada.
Ele não lembra do que ficou pra trás.
Ele não sabe o que vem pela frente.
Ele só tem conhecimento
Do que está ao alcance dos seus sentidos.
Mas ele caminha.
Vê o que tem nas margens da estrada.
Vê onde vai dar o próximo passo.
Apenas isso.
Apenas caminha.
Ele sabe onde termina a jornada.
Só não vê o fim da estrada
Porque não é pra ver ainda.
Não é pra saber o que vem adiante.
E ele caminha.
Segue firme.
Sem querer olhar pra trás.
Sem querer saber o que vem adiante.
O que importa é caminhar
E aprender o que a estrada ensina.
Apenas isso,
Nada mais.
Apenas caminhar.

segunda-feira, 17 de março de 2008

19 DE MARÇO

Mais um ano.
Aqui começa
Como há 31 anos acontece.
Aqui tudo termina
Como acontece há 31 anos.
Menos um ano.
Vamos celebrar o fim.
Vamos celebrar o recomeço.
E a vida continua.

terça-feira, 11 de março de 2008

O POP NÃO POUPA NINGUÉM

Na semana passada eu assisti a um programa na MTV que falava de música pop. O pop como segmento musical é aquele tipo de canção de apelo popular, com letras, na maioria das vezes superficiais, com refrões que grudam no ouvido da gente, tem melodia assoviável e muitas vezes não é valorizada pela crítica.

Como todo produto a música pop é feita para vender. Não importa a segmentação, o intuito de artistas que trilham esse caminho é tocar em rádios por todo o país, fazer sucesso e como conseqüência ganhar dinheiro. E a música pop não escolhe gênero, pode ser uma banda de rock, um cantor de hip hop, pode ser até mesmo artistas saídos da nossa música sertaneja e que desviam para outros rumos.

Esse gênero sempre levantou questionamentos quanto a sua qualidade. Uns dizem que há sim qualidade nessas músicas, levam em conta várias canções que foram eternizadas como Hotel Califórnia, Pinball Wizzard, ou Blue Suede Shoes. Outros, por outro lado, alegam que, realmente muitas músicas se tornaram clássicos, mas o número de sucessos descartáveis e de qualidade discutíveis é muito maior. Mas o que isso tudo tem a ver com literatura, vocês vão me perguntar! É muito simples, da mesma forma que na música têm os artistas com A maiúsculo e os de qualidade duvidosa, na literatura temos as grandes obras e os famigerados Best Sellers.

Best Sellers, caros leitores, são aqueles livros que são vendidos aos milhões por todo o mundo, com uma publicidade pesada e são lançados com a intenção de apenas entreter os leitores. Como na música pop, são obras na maioria das vezes passageiras e que não carregam o peso de obras seminais. Claro que nem todo best seller e ruim (eu mesmo adoro alguns autores) muitos livros desse segmento, como no pop, com o passar dos anos se tornaram clássicos como O Apanhador no Campo de Centeio, O Poderoso Chefão, O Xangô de Baker Street, entre outros.

Outra semelhança com a música pop é o fato desse tipo de literatura seguir uma formula de sucesso: são livros com enredo simples, personagens sem muita complexidade, exploram bem a dicotomia do bem contra o mal, ou seja, tem o herói e o vilão bem delineados e histórias lineares, portanto fáceis de ler. Porém da mesma forma que há canções pop com arranjos bem elaborados e letras bem escritas, há também best sellers com textos bem escritos e histórias complexas. Sendo assim, não se acanhe em dizer que adora as músicas da Madonna ou que leu o último sucesso de Dan Brown. Até porque se o Papa é Pop, por que você também não pode ser? Um forte abraço e fiquem com Deus.


(Texto anteriormente publicado no site www.vistolivre.com em setembro de 2007.)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

BALADA

Apagou a luz,
Começou a fumaça.
Ao som do beat
O coração bate.
Começa-se a entoar:
“Dance, dance”;
se inicia o transe.
A festa começou,
O povo se animou.
E tem início o ritual.
Os corpos se agitam,
transpiram.
Ninguém vê nada.
Olhos fechados,
Luzes apagadas,
Ninguém quer o final.
Não há problemas,
Nem desilusões,
Nenhum dilema,
Só a batida.
A mente, desliga.
O corpo, se agita.
Não tem mais mundo
E nada à vista,
Somente a pista.
Uma massa de corpos,
Cores nos tetos
E cores nos copos.
Não há relógio,
O tempo não passa,
Tudo pára.
Só fica o refrão
No compasso do coração.
Apenas dançar.
Até o mundo acabar.
O êxtase chegar.
O dj parar.
O sol nascer.
A pista acender.
E outro sábado chegar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

HISTÓRIA DE AMOR

Um olhar...
Um beijo.
Namoro...
Sonhos...
Planos...
Noivado.
Casamento...
Projetos...
Amor...
Desejo...
Cotidiano.
Rotina.
Separação.
Dor...
Sofrimento...
Solidão.
Reencontro...
Retorno...
Amor novo...
Amada eterna...
Cotidiano...
Casamento.
União...
Amor...
Pra sempre.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A DANÇA DE PIERRÔ E COLOMBINA

Arlequim, muito amigo,
Levou Colombina pra dançar com Pierrô,
Sob a luz do farol
E as bênçãos de São Tomé.
Pierrô se encantou
E Colombina ele beijou,
Na beira do mar
Numa praia do interior.
A folia chegou ao fim,
O carnaval terminou.
Separaram-se Colombina e Pierrô,
Mas a saudade os aproxima
E antes de um novo carnaval,
Eles hão de se encontrar
E Colombina e Pierrô
Hão de se apaixonar.

domingo, 27 de janeiro de 2008

COMO CURAR?

Como curar uma ferida que não se vê?
Como sarar uma dor que não se sente?
Como esquecer um amor de sempre?
Eu não sei!
Só sinto,
Só dói,
Só lembro.
Mas tudo bem,
Assim é a vida.
Sigo em frente.
Um dia a ferida cura,
A dor passa
E o amor vira uma doce lembrança.
É só viver... e pronto.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

1968 O ANO QUE MUDOU O MUNDO

Há exatos 40 anos começa o ano que mudaria definitivamente os rumos da cultura e o modo de pensar do Ocidente. O ano foi 1968 e para muitos ele nunca acabou. Nunca na história da humanidade tantas coisas aconteceram num curto espaço de tempo, coisas importantes que refletem até hoje. O ano foi maçado não por um evento, mas vários simultaneamente.
Nesse ano, vários acontecimentos políticos aconteceram que fizeram com que as pessoas não aceitassem mais governos autoritários ou repressores. Só para ficar em alguns exemplos, foi em 68 que aconteceram a macha dos 100.000 no Rio e a as manifestações de maio em Paris, além do início das manifestações em prol dos Direitos Civis dos negros devido ao assassinato de Martin Luther King e uma matéria no New York Times defendendo os direitos dos homossexuais. Graças a isso hoje podemos ter em mãos obras como Feliz Ano Novo, de Ruben Fonseca, ou Morangos Mofados de Caio Fernando Abreu que trata de vários relacionamentos homossexuais.
Outra contribuição desse ano para nossa cultura foi na parte musical. Nesse ano saiu nada mais, nada menos que Tropicália, o disco que formatou a cara da nossa MPB e influenciou até mesmo grupos de rock como Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e tantos outros.
Nosso teatro também teve um marco em sua história nesse período. Foi nesse ano que foi encenada a peça Roda Viva de Chico Buarque. Proibida pela censura na época foi símbolo de manifestações de artistas pelo direito de se expressar livremente.
Muita coisa ainda mudou nesse ano de desbunde. Se hoje falamos de ecologia, temos processadores que facilitam nossas vidas, se temos consciência de nossos direitos e não abrimos mão de nossa liberdade foi graças aos jovens que tentaram mudar o mundo. Eu poderia escrever várias colunas sobre esse tema, mas não é necessário. Temos apenas que lembra que um dia, num remoto ano do século XX, várias cabeças pensantes resolveram, ao mesmo tempo e em lugares diferentes, mudar suas realidades. E nesse início de ano tentemos seguir seus exemplos e mudar o que não está de açodo com o que pensamos em nossas vidas e quem sabem como eles mudaremos o mundo. Um forte abraço e fiquem com Deus.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

FELIZ 2008 PARA TODOS

Escrevo essa coluna na tarde de 1º de janeiro de 2008. Nesse momento não estou pensando em música nem em literatura. Como é propício do dia, após os excessos das festas de fim de ano, a gente começa a fazer planos, a idealizar sonhos, fazer promessas (que na maioria não serão cumpridas) e como todo brasileiro que pula sete ondas na virada do ano e não come ave que cisque para trás também tenho alguns pedidos a fazer.
Desejo que todos tenham alegria para tocar a vida, apesar das adversidades, que todos tenham esperança que tudo vai melhorar. Desejo que as pessoas se tornem mais tolerantes umas com as outras, que aprendam o verdadeiro sentido de dar a outra face. Que todos amem, a si próprios e aos outros, que com amor tudo fica mais fácil, o perdão, a tolerância, a esperança.
Também desejo que todos tenham consciência do seu papel no mundo, seja ele social ou ecológico. Que as pessoas não venham a abrir mão dos seus direitos, mas também não esqueçam os seus deveres. Que as pessoas tenham respeito pelo próximo, saibam onde começa o seu espaço e onde começa do outro. E não respeitem só os seus idosos, mas sim todos aqueles que já contribuíram uma vida inteira com seu suor e sua vitalidade para o que quer que seja nesse mundo.
Espero que as pessoas tenham coragem. Coragem de mudar suas vidas, caso estejam estagnadas, mas também tenham a humildade de voltar atrás caso vejam que não deu certo. Que procurem olhar para os desfavorecidos sem rancor, preconceito ou qualquer sentimento de piedade. Que olhem aquele que precisa mais que nós como um ser humano que precisa de ajuda sem a necessidade de fazer alarde de qualquer “boa ação”.
E principalmente, que todos busquem a felicidade. Mas não essa felicidade de comercial de margarina ou a vendida pela que associa a um carro do ano, um celular de última geração e uma vida repleta de bens materiais. Não. O que desejo é todos busquem a felicidade plena, nas pequenas coisas da vida. Naquela que se sente ao se divertir com os amigos, ao ver o sorriso de uma criança, naquela que se tem por estar vivo, com saúde, vivendo ao lado que pessoas que nos amam e que são amados por nós. Felicidade essa, que não vem embrulhada para presente e que é sentida com toda a intensidade se vivida plenamente.
Esses são meus desejos para 2008. Que, em resumo, que todos se amem. Tudo que precisamos realmente é disso. E se isso acontecer o que vier depois é lucro porque teremos força para enfrentar qualquer adversidade. Um 2008 maravilhoso para todos você, caros leitores, fiquem com Deus e até a próxima.