sábado, 7 de maio de 2011

QUANDO AMAMOS

Sabemos que amamos
Quando vemos as entranhas do
Outro,
Sua alma,
Seu corpo.

Quando não nos importamos
Mais
Com odores, sabores,

Quando desejamos acordar
Ao seu lado,
Independente dos cabelos revoltos,
O cheiro de travesseiro e
Nada disso importa,
O que importa é o outro;

E até mesmo,
Quando não o queremos mais
Por perto,

Quando não nos agrada nem
Ouvir a voz,

E mesmo assim,
Não enxergamos sentido
Na falta do
Outro
E não conseguimos ficar longe,

Aí,
E só aí,
Nesse instante,
Que percebemos que
estamos amando.

CREPÚSCULO DO GUERREIRO

As memórias são
Meus tesouros de guerra.

Beijos, carícias, gozos,
São minhas riquezas,
Acumuladas em batalhas.

Dor, tristeza, decepções, desilusões,
São minhas cicatrizes.
Marcas de balas, espadas,
Agressões que não sumirão jamais.

Os desamores, as relações desfeitas,
Corpos caídos, dilacerados,
Vítimas da guerra.

Saudades, boas recordações,
A lembrança do prazer,
A alegria de amar,
Minhas medalhas,
Condecorações de veterano.

Vivi muitos combates,
Agora sento
E conto minhas histórias de batalhas,
Vencidas ou não,
Como todo guerreiro em seu crepúsculo.

PALAVRAS, POR QUE FUGISTES?

Palavras,
Por que fugistes de mim?
Acheis que as queria prender?
Encerrá-las uma a uma
Em páginas,
Ordenadas e sem sentido?
Ou que as maltrataria,
As exporia a almas sem sensibilidade?
Não.
As quero soltas,
Livres.
Quero apreciá-las com todas
As suas cores,
Todos os seus sentidos.
Quero vê-las embelezando as folhas
Em branco,
Acasalando-se como lhes melhor
Parecer.
Quero-as não engaioladas em
Dicionários,
Quero-as voando nos céus das bocas
Juvenis,
Renovadas,
Com o frescor dos milênios.
Venham a mim.
Irei adorá-las como deusas pagãs,
Consultá-las-ei como a sacerdotisas
Ou oráculos da beleza do pensar.
Por isso,
Não fujam,
Doces palavras.