O título acima pode ser encontrado em qualquer constituição dos países ocidentais, seja na Europa, ou nos EUA e até mesmo nos países sul-americanos. Na nossa legislação, em vigor desde 1988 também existe essa determinação, inclusive,por isso, há uma tentativa dos governos em reduzir a zero o analfabetismo no Brasil fazendo uso de programas assistencialistas para manter as crianças nas escolas. Mas por que ainda é tão difícil para pessoas mais pobres chegarem às universidades e ascenderem socialmente através do estudo e competirem de igual para igual no mercado de trabalho com os mais favorecidos?
Esse comportamento – educação oferecida pelo estado – é recente, surgiu no final do século XIX. Devido a Revolução Industrial que cada vez mais precisava de mão-de-obra especializada para trabalhar nas fábricas das grandes cidades foi preciso repensar a estrutura social, daí surgiram conceitos como o estado laico e o assistencialismo às camadas mais pobres da população. Mas desde essa época já houve uma segregação disfarçada de ajuda. A educação passou a ser sim direito de todos e dever do estado, porém não foi dito que ela seria IGUAL para todos. Então o que aconteceu (e continua a acontecer) foi que os filhos dos operários iam para escola como o filho do dono da fábrica, entretanto não era a mesma escola, quando cresciam o filho do operário tinha aprendido a ser apenas operário e ia trabalhar na fábrica do filho do industrial que tinha se preparado pra ser industrial igual ao pai. E o que tudo isso tem a ver com a nossa realidade hoje? Muito simples, o que vemos hoje é o mesmo que acontecia no final do século XIX na Europa. O filho do operário, do camelô ou da doméstica vai continuar os passos do pai e o filho do juiz, do médico ou do político vai ser preparado para as profissões do topo da escala social.
Trazendo para a nossa realidade isso fica claro ao assistirmos a propaganda eleitoral e os dois candidatos à presidência da república alardearem que vão construir mais escolas técnicas. Ora enquanto seus filhos e netos terão acesso aos melhores colégios do país onde terão contato com a história da humanidade, a literatura, filosofia e com um ensino voltado a prepará-los para a disputa das mais renomadas universidades e os principais concursos públicos do país, o filho do mecânico, do bombeiro hidráulico, do técnico em eletrônica, vai continuar a ser apenas técnico. Sem qualquer aprofundamento em outras áreas do conhecimento humano esses jovens aprenderão apenas o suficiente para tornarem-se técnicos em alguma área profissional sem reais condições de disputa por vagas nos bancos acadêmicos ou no mercado de trabalho. Mesmo dentro da lei – que é proporcionar educação para todos – ainda assim há uma separação social onde o filho do pobre vai continuar não tendo chances de subir na escala social e o filho do rico vai continuar no topo dessa escala. O que deve ser feito então é uma reformulação total no sistema educacional do país, é preciso olhar os programas de educação realmente eficientes de outros países onde todos têm chances iguais de progresso, como é o caso da Coréia do Sul e também olhar para programas que dão certo aqui mesmo no Brasil, padronizando as escolas públicas com escolas que sejam referenciais de eficiência, é aparelhar melhor essas instituições, dar condições aos professores de se especializarem, se atualizarem, ganharem salários dignos e melhores condições de trabalho sem cargas horárias desumanas. Só assim o filho do técnico em eletrônica poderá um dia se tornar um analista de sistemas, o filho do pedreiro poderá ser um dia um engenheiro e com reais chances de disputar concursos e vagas no mercado de trabalho com o filho do patrão do seu pai.
Esse comportamento – educação oferecida pelo estado – é recente, surgiu no final do século XIX. Devido a Revolução Industrial que cada vez mais precisava de mão-de-obra especializada para trabalhar nas fábricas das grandes cidades foi preciso repensar a estrutura social, daí surgiram conceitos como o estado laico e o assistencialismo às camadas mais pobres da população. Mas desde essa época já houve uma segregação disfarçada de ajuda. A educação passou a ser sim direito de todos e dever do estado, porém não foi dito que ela seria IGUAL para todos. Então o que aconteceu (e continua a acontecer) foi que os filhos dos operários iam para escola como o filho do dono da fábrica, entretanto não era a mesma escola, quando cresciam o filho do operário tinha aprendido a ser apenas operário e ia trabalhar na fábrica do filho do industrial que tinha se preparado pra ser industrial igual ao pai. E o que tudo isso tem a ver com a nossa realidade hoje? Muito simples, o que vemos hoje é o mesmo que acontecia no final do século XIX na Europa. O filho do operário, do camelô ou da doméstica vai continuar os passos do pai e o filho do juiz, do médico ou do político vai ser preparado para as profissões do topo da escala social.
Trazendo para a nossa realidade isso fica claro ao assistirmos a propaganda eleitoral e os dois candidatos à presidência da república alardearem que vão construir mais escolas técnicas. Ora enquanto seus filhos e netos terão acesso aos melhores colégios do país onde terão contato com a história da humanidade, a literatura, filosofia e com um ensino voltado a prepará-los para a disputa das mais renomadas universidades e os principais concursos públicos do país, o filho do mecânico, do bombeiro hidráulico, do técnico em eletrônica, vai continuar a ser apenas técnico. Sem qualquer aprofundamento em outras áreas do conhecimento humano esses jovens aprenderão apenas o suficiente para tornarem-se técnicos em alguma área profissional sem reais condições de disputa por vagas nos bancos acadêmicos ou no mercado de trabalho. Mesmo dentro da lei – que é proporcionar educação para todos – ainda assim há uma separação social onde o filho do pobre vai continuar não tendo chances de subir na escala social e o filho do rico vai continuar no topo dessa escala. O que deve ser feito então é uma reformulação total no sistema educacional do país, é preciso olhar os programas de educação realmente eficientes de outros países onde todos têm chances iguais de progresso, como é o caso da Coréia do Sul e também olhar para programas que dão certo aqui mesmo no Brasil, padronizando as escolas públicas com escolas que sejam referenciais de eficiência, é aparelhar melhor essas instituições, dar condições aos professores de se especializarem, se atualizarem, ganharem salários dignos e melhores condições de trabalho sem cargas horárias desumanas. Só assim o filho do técnico em eletrônica poderá um dia se tornar um analista de sistemas, o filho do pedreiro poderá ser um dia um engenheiro e com reais chances de disputar concursos e vagas no mercado de trabalho com o filho do patrão do seu pai.
(Texto originalmnte publicado na Revista Mercês de dezembro de 2006.)