segunda-feira, 31 de março de 2008

A RAZÃO DE AMAR

A razão de amar
É nos fazer agir sem razão.
O sentido do amor
É fazer as coisas perderem o sentido.
A intenção de amar
É nos fazer sentir sem intenção.
O desejo do amor
É bater em nossa porta quando não o desejamos.
A beleza de amar
É amar sem olhar beleza.
É apenas amar.
Só isso.

segunda-feira, 24 de março de 2008

BRAZILIAN SKINHEAD

Ódio branco.
Lixo branco.
Idealismo germânico
De um nanico insano.
Num país miscigenado,
Jovens alienados
Extravasam sua agressividade
Em índios, negros,
Judeus ou viados.
Querem limpar a cidade
Dos “parasitas da sociedade”,
Que não passam, na verdade,
De nordestinos de coragem
Que transformaram essa metrópole,
Na maior das cidades.
Idiotas, imbecis,
Que não sabem o que dizem,
Só sabem erguer a voz,
Mas esquecem suas raízes
E de quem são seus avós.
Ideais de raça pura,
Uma idéia absurda
No país da mistura,
Que desde o descobrimento,
Mesmo eles não sabendo,
Já vinham misturado,
O sangue do povo ibérico
Com as “impurezas do sangue arábico”.
Se acham superiores
Com sua pele clara,
Mas raspam seus cabelos (crespos)
E suas barbas ralas.
Levantam a bandeira
E povo estranho,
Quando até para eles
Não passamos de “chicanos”.
Se tatuam com suásticas,
O símbolo dos babacas,
De pessoas fracassadas,
Com suas inutilidades extravasadas,
Pregando idéias atrasadas,
Com uma ira desenfreada
Contra inocentes trabalhadores
Que sofrem horrores
Nas mãos desses perdedores,
Que só querem agredir
Como forma de fugir

Da idéia de descobrir
Que não passam de frustrados
Que vão ser por toda vida
Uns imbecis retardados.

quinta-feira, 20 de março de 2008

UM HOMEM SEGUE PELA ESTRADA

Um homem segue pela estrada.
Ele não lembra do que ficou pra trás.
Ele não sabe o que vem pela frente.
Ele só tem conhecimento
Do que está ao alcance dos seus sentidos.
Mas ele caminha.
Vê o que tem nas margens da estrada.
Vê onde vai dar o próximo passo.
Apenas isso.
Apenas caminha.
Ele sabe onde termina a jornada.
Só não vê o fim da estrada
Porque não é pra ver ainda.
Não é pra saber o que vem adiante.
E ele caminha.
Segue firme.
Sem querer olhar pra trás.
Sem querer saber o que vem adiante.
O que importa é caminhar
E aprender o que a estrada ensina.
Apenas isso,
Nada mais.
Apenas caminhar.

segunda-feira, 17 de março de 2008

19 DE MARÇO

Mais um ano.
Aqui começa
Como há 31 anos acontece.
Aqui tudo termina
Como acontece há 31 anos.
Menos um ano.
Vamos celebrar o fim.
Vamos celebrar o recomeço.
E a vida continua.

terça-feira, 11 de março de 2008

O POP NÃO POUPA NINGUÉM

Na semana passada eu assisti a um programa na MTV que falava de música pop. O pop como segmento musical é aquele tipo de canção de apelo popular, com letras, na maioria das vezes superficiais, com refrões que grudam no ouvido da gente, tem melodia assoviável e muitas vezes não é valorizada pela crítica.

Como todo produto a música pop é feita para vender. Não importa a segmentação, o intuito de artistas que trilham esse caminho é tocar em rádios por todo o país, fazer sucesso e como conseqüência ganhar dinheiro. E a música pop não escolhe gênero, pode ser uma banda de rock, um cantor de hip hop, pode ser até mesmo artistas saídos da nossa música sertaneja e que desviam para outros rumos.

Esse gênero sempre levantou questionamentos quanto a sua qualidade. Uns dizem que há sim qualidade nessas músicas, levam em conta várias canções que foram eternizadas como Hotel Califórnia, Pinball Wizzard, ou Blue Suede Shoes. Outros, por outro lado, alegam que, realmente muitas músicas se tornaram clássicos, mas o número de sucessos descartáveis e de qualidade discutíveis é muito maior. Mas o que isso tudo tem a ver com literatura, vocês vão me perguntar! É muito simples, da mesma forma que na música têm os artistas com A maiúsculo e os de qualidade duvidosa, na literatura temos as grandes obras e os famigerados Best Sellers.

Best Sellers, caros leitores, são aqueles livros que são vendidos aos milhões por todo o mundo, com uma publicidade pesada e são lançados com a intenção de apenas entreter os leitores. Como na música pop, são obras na maioria das vezes passageiras e que não carregam o peso de obras seminais. Claro que nem todo best seller e ruim (eu mesmo adoro alguns autores) muitos livros desse segmento, como no pop, com o passar dos anos se tornaram clássicos como O Apanhador no Campo de Centeio, O Poderoso Chefão, O Xangô de Baker Street, entre outros.

Outra semelhança com a música pop é o fato desse tipo de literatura seguir uma formula de sucesso: são livros com enredo simples, personagens sem muita complexidade, exploram bem a dicotomia do bem contra o mal, ou seja, tem o herói e o vilão bem delineados e histórias lineares, portanto fáceis de ler. Porém da mesma forma que há canções pop com arranjos bem elaborados e letras bem escritas, há também best sellers com textos bem escritos e histórias complexas. Sendo assim, não se acanhe em dizer que adora as músicas da Madonna ou que leu o último sucesso de Dan Brown. Até porque se o Papa é Pop, por que você também não pode ser? Um forte abraço e fiquem com Deus.


(Texto anteriormente publicado no site www.vistolivre.com em setembro de 2007.)